Demolir para Encenar
Exposição sobre Belém antes da Exposição do Mundo Português.
De 1 de Março a 17 de Maio 2020 no Padrão dos Descobrimentos.
Todos os dias das 10:00 às 19:00 (última entrada 18:30)
“Em 1940, a Exposição do Mundo Português e Belém pareciam um só. O lugar ajudava a contar a história, gloriosa, do passado da nação: Mosteiro dos Jerónimos, rio Tejo, Praça Afonso de Albuquerque, Torre de Belém. A vasta dimensão do certame tomou conta do bairro e Belém, para além da Exposição, parecia não existir.
O Estado Novo anunciava admiráveis transformações naqueles terrenos vazios, disponíveis para receber tão grande festa. Mas que lugar era este, antes de 1940? E em que lugar se tornou, finda a Exposição? Qual o papel deste evento no percurso urbano de Belém?
Para lá dos terrenos de facto incultos, o bairro possuía um núcleo urbano denso, variado, atractivo. Vivia-se e comerciava-se em ruas, travessas e largos consolidados ao longo dos séculos, em crescendo de urbanidade, desde que o Infante D. Henrique ali mandara construir uma primeira igreja, a de Santa Maria de Belém. Este núcleo urbano e popular complementava o carácter erudito e nobre conferido pelas quintas e palácios em redor – como o Palácio da Praia (onde hoje é o Centro Cultural de Belém), demolido apenas em 1962, ou o Palácio de Belém, transformado em residência oficial da Presidência da República, depois de 1910.
A preparação da Exposição do Mundo Português implicou um número significativo de demolições, que amputou o bairro em muitas das suas valências: estrutura urbana, habitações, espaços comerciais, lugares de sociabilidade, mercado e mesmo edifícios patrimonialmente relevantes.
Depois do certame, e durante décadas, o vazio. Hoje, no início do século XXI, a Exposição do Mundo Português permanece no lugar, em estruturas físicas que podemos ver e tocar, mas sobretudo de forma incorpórea.
BELÉM: DEMOLIR PARA ENCENAR acompanha este percurso. Trata-se de uma exposição comissariada por Pedro Rito Nobre, que nos vai levar numa viagem pelas memórias ainda existentes no lugar e por outras, que foram sendo apagadas. “Com esta exposição espero que o público (em geral, e sobretudo o que conhece a Belém actual, incluindo os moradores) ganhe noção da forma como Belém evoluiu e se transformou ao longo do tempo. Habituamo-nos aos lugares como os conhecemos e, por vezes, não questionamos o que ali existia antes, ou os motivos pelos quais foram transformados. Muitos dos espaços que hoje atravessamos são herdeiros directos da Exposição do Mundo Português e alguns elementos quase surpreendentes ou desajustados são, afinal, restos daquele certame. Para quem trabalha na organização dos espaços – desde os decisores políticos aos arquitectos e urbanistas – é mais um contributo para a reflexão sobre as consequências das opções de projecto: cada construção, cada demolição, cada atribuição de uso, tem consequências por vezes maiores do que imaginamos inicialmente”, diz Pedro Rito Nobre.
De 1 de Março a 17 de Maio 2020.
Todos os dias das 10:00 às 19:00 (última entrada 18:30)
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